domingo, 7 de novembro de 2010

A sofisticação de Kupang

Quando um timorense quer fazer compras ou viajar para Jacarta, ele vai até Kupang. Situada no extremo oeste da Ilha do Timor, essa badalada (??) cidade indonésia é um fim de mundo onde Judas perdeu as botas (ou talvez as meias). É, contudo, um ponto de saída importante para quem quer economizar. E não existe vôo direto entre Dili e Kupang. Portanto, o jeito é encarar uma mikrolet (van de onze passageiros) por doze horas. Taí a viagem mais (mal) falada entre os brasileiros aqui em Timor Leste. Quem foi não dá indícios de querer repetir a dose. E para quem ainda não se aventurou, sobram conselhos negativos. Mas esse pessoal que prefere Sidney a Kupang não escolheu a companhia certa para viajar, tenho certeza!
A viagem até Kupang é dividida em duas etapas: a primeira até a fronteira com a Indonésia. São quatro horas numa van timorense. As estradas são péssimas. Muito buraco, curva e ribanceira. Do outro lado, a parte mais complicada, feita num carro indonésio, com um sujeito que nem arranha aquele velhíssimo the book is on the table. A custosa comunicação foi feita na base da mímica e com ajuda de outros passageiros de boa vontade. Dali são oito horas até o destino final. Mais curvas, calor, fome e um pouco de enjôo.
Entre uma e outra mikrolet, um momento inesquecível: cruzamos a fronteira ANDANDO debaixo de um sol de rachar, com mala na mão. Encontramos umas figuras indonésias bem simpáticas, a exemplo da velhinha que aparece na foto comigo e com a Alice, fazendo pose e soltando umas palavras em tétum.
Meia hora depois, paramos em Atambua (caramba, que lugar feio!) para almoço e aí eu lembrei da minha mãe, que tem um pouco mais de prudência que o filho na hora de comer um prato de comida. As apetitosas iguarias indonésias eram: arroz completamente sem tempero, pescoço, moela e partes não identificáveis de frango, cogumelos recheados (penso que foi isso que comi) e pepino. A técnica é comer rápido e não ficar pensando muito. Matamos a fome e seguimos adiante.
Pontualmente chegamos (com a bunda quadrada e um leve desgaste psicológico) às oito da noite em Kupang. Como o hotel inicialmente apresentado não oferecia ar condicionado e ficava longe do KFC (certamente o ponto mais aprazível da cidade), fomos nos alojar no sofisticado Flobamor (amigos, me corrijam se o nome for outro). Sobre detalhes do nosso banho indonésio com caneca e do "pequeno almoço" (nome dado ao café da manhã pelos portugueses), deixo para o próximo post. Em matéria de diversão e de experiências pitorescas, essa viagem bateu recorde. Pra quê pensar em Paris, Barcelona ou Sidney? Isso é programa para frescos. Legal é viajar pra KUPANG!




Atambua

Kupang

Caçadores de Bintang num ponto de venda suspeito de Kupang

Brasileiros perdidos em Kupang

12 comentários:

  1. É este tipo de PI "Programa de Índio" que a gente não esquece. Passadas algumas semanas ficamos pensando como é que conseguimos fazer tal proeza. Daqui ficamos adorando as histórias vividas por vocês. Bjos, Míriam

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  2. Quando vi fotos das estradas serpenteando pelas montanhas timorenses, pude imaginar o tamanho a aventura que os aguardava. Deve ter sido terrivelmente emocionante! Agora vocês já podem viajar da Argentina para o Chile de ônibus....mole, mole...ou mesmo percorrer aquela rodovia boliviana que causa enjoo e arrepios... só de ver suas curvas e precipícios em fotos de arquivos pps. Bjs

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  3. Aqui o importante é conhecer o maior número possível de lugares estranhos. Nem que para isso tenhamos que ficar comendo coisas de origem duvidosa e viajando em mikrolets. Beijos!

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  4. Curioso...Não achei Kupang e Atambua tão feias assim...É tudo uma questão de ponto de vista. Biquinhas, Paineiras e os Patos (não estou falando de Patos de Minas, é claro)são bem mais feias.Bjos.

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  5. Queria ver vc comendo um pescocinho de frango num restaurante badalado de Kupang. Ia mudar de opinião bem rápido. Beijos!

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  6. Tenho certeza que estas férias foram inesquecíveis. Andar de mikrolet deve ser o máximo. É para ficar na história vocês atravessando a fronteira a pé.Adorei as fotos (como estão felizes) Beijos p/ meus aventureiros. Licinha

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  7. Ei Cirilo e Alice,
    so hoje,com a ajuda da Licinha, e que consegui entrar no blog.Puxa vida,quanta aventura!Otimo!
    Aproveitem bastante...e depois contem tudo pra gente,vamos amar saber das peripecias!
    Beijos,
    Glorinha

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  8. Ei Glorinha! Que bom ver vc por aqui. Seja bem vinda e faça sempre seus comentários. Aos poucos vou colocando no blog fotos e relatos das nossas viagens pela Ásia. Um beijo grande pra vc e pra todos em casa. Estamos com saudades!

    Minha sogra querida! Depois te conto todos os casos (que são muitos) sobre as nossas viagens e sobre a nossa vida aqui em Timor. Vamos rir até cair. Beijo.

    Tuquito, acho que Neves está à altura de Atambua. Só não sei se lá existe presídio. Um abraço bicho!

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  9. Nessa viagem vcs me surpreenderam! definitivamente vcs são meus amigos mais sofisticados... pescoço de frango e moela na Indonésia não é pra qq um!
    ADOREI!
    Alice, cada dia mais bronzeada... um mes antes de vcs voltarem vou ter q começar um bronzeamneto artificial, senão a coisa vai ficar branca demais...

    beijão

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  10. A cidade mais feia do mundo é Manhuaçu que, em tupi, quer dizer "cidade mais feia do mundo".
    Beijos a você, Alice e Dodora.

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  11. Lica, nessa viagem só faltou você, que certamente iria degustar conosco uma moelinha dura e pescoço frito. Delícia! Beijos.

    Bom saber, Beatriz. Agora vou sugerir a mudança do nome de Kupang para Manhuaçu. Beijo.

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