terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Caminhando com as próprias pernas

A situação econômica, política e social de Timor-Leste após 1999 era catastrófica. Já mostrei neste blog algumas marcas de destruição física, que até hoje chamam atenção nas ruas de Dili. Tudo indica que o exército indonésio quis aniquilar completamente qualquer resquício de desenvolvimento, de modo que o povo timorense lamentasse durante décadas a 'ousadia' de querer se emancipar da potência vizinha (digo que a Indonésia é uma potência porque, dentro do padrão econômico asiático, o país do general Suharto se destaca).
O pesquisador português Antônio Barbedo de Magalhães ilustra bem a realidade local constatada pela equipe da ONU que formou o governo transitório em Timor-Leste (UNTAET): “Sérgio Vieira de Mello chegou a Dili em 17 de novembro e encontrou um país completamente devastado. A administração pública deixara de existir. A maior parte dos cargos de responsabilidade tinham sido ocupados por indonésios, entretanto regressados ao seu país. Não havia polícia, pelos mesmos motivos. As escolas tinham deixado de funcionar. A maior parte delas foi destruída, os livros e o mobiliário queimados, e muitos professores tinham fugido ou sido deportados à força. Os equipamentos de produção e distribuição de electricidade tinham sido sabotados. O mesmo acontecera aos serviços telefónicos. Praticamente não havia lojas, sobretudo em Dili, porque tinham sido saqueadas e incendiadas. Também não havia serviço postal. E mesmo os sistemas de abastecimento de águas tinham sido danificados, em muitos casos.” (Timor-Leste: Interesses internacionais e actores locais, v. III, Editora Afrontamento, 2007, p. 623).
Hoje, passados mais de 10 anos do 'setembro negro', a precariedade do comércio e do serviço público ainda é significativa. Porém a restruturação econômica do país começou e se olharmos com atenção o que de novo surge em Dili, temos motivo para otimismo. As coisas vão melhorar, contanto que a eleição de 2012 não termine em guerra civil e que a saída do pessoal da ONU aconteça gradativamente, evitando com isso os erros de 2005.

Timor Plaza, o primeiro shopping center de Timor Leste. Obra com entrega prevista para o meio do ano que vem. Parece que vai ter até sala de cinema.

Compound de chineses, com restaurante novíssimo à beira mar. As casas são alugadas pela bagatela de 4.500 dólares por mês.

Quem não tem cachorro caça com gato. Enquanto McDonald's, KFC e Burguer King não vêm pra cá, nos viramos com o Street Burguer King dos singapurianos. 

3 comentários:

  1. Tenho confiança em 2 fatos importantes:primeiro,Timor-Leste vai conseguir conseguir caminhar com as próprias pernas e se tornar uma nação soberana; segundo, quando o Timor Plaza for inaugurado, vcs estarão curtindo um cineminha no BH Shopping...

    ResponderExcluir
  2. Esse negócio de "quem não tem cão caça com gato" em referência ao Street Burger King é mera coincidência já que não é baseado em fatos reais e nenhum animal (doméstico) foi ferido durante as filmagens...

    ResponderExcluir