quarta-feira, 4 de maio de 2011

Abin para baixinhos (microcéfalos)

O extinto SNI – Serviço Nacional de Informações, montado na década de 1960 pelo General Golbery do Couto e Silva, é conhecido pela contribuição desastrosa que prestou ao Brasil (sobre o tema, ler A Ditadura Envergonhada do Élio Gáspari). Ele deixou uma cria, para infelicidade geral da nação. O filhote chama-se Abin - Agência Brasileira de Inteligência, cuja missão é “coordenar as ações do Sisbin, produzir conhecimentos e proteger assuntos sensíveis.”

Divulga-se na imprensa que a Abin é uma instituição sem rumo, marcada pela evasão contínua dos seus quadros de servidores, trapalhadas e pelo apego ao passado da ditadura militar, cuja busca frenética pelos "inimigos da segurança nacional" justificou a criação do SNI. Verdadeiras as críticas ou não, uma rápida pesquisa no site da agência revela as bizarrices cômicas que a cercam.

Para começo de conversa, a Abin é representada pelo carcará. Informa-se ao internauta que “O carcará é o símbolo da Abin porque é a ave brasileira conhecida por ser valente, corajosa, ter visão de longo alcance e controle do território onde habita. É altiva e forte, assim como a Abin.”

Coisa estranha. Pelo que sei, caracará “pega, mata e come”. Segundo célebre canção da MPB, “come inté cobra queimada”. Trata-se de ave oportunista, cruel e comedora de carniça. Acima de tudo, é símbolo do mau agouro.

Após copiar a “kids page” da suspeitíssima agência de inteligência norte americana, a CIA, nossa agência tupiniquim criou a “Abin para jovens”, numa tentativa de colorir e justificar sua obscura e não menos suspeita atividade desempenhada. Destaque para os trechos explicativos sobre a produção de conhecimento:

“Você sabia que desde que o homem existe, ele produz, mas também esconde conhecimentos. Esconde conhecimentos? Sim, o homem escreve, fala, faz sinais para se comunicar, porém muitas vezes necessita guardar segredo a respeito de diversos assuntos, como, por exemplo, questões políticas, contatos diplomáticos, comunicações militares, produções científicas, atividades comerciais, industriais, financeiras, além de seus segredos pessoais (como esconder de sua mãe que você quebrou o vaso preferido dela ou o que você fez ontem e não quer que seus pais saibam).”

“As mensagens consideradas secretas existem desde a Antiguidade e sempre exerceram grande fascínio. Bastou o homem aprender a escrever para que começasse a "esconder" seus escritos. Além disso, onde tem segredo tem quem quer descobrir o segredo. Se desde os primórdios da história existem métodos de esconder informações, dos mais simples aos mais engenhosos, desde a Antiguidade também existem os hackers e crackers que bolaram métodos de decifrar e decodificar (ações de espionagem não ocorrem somente nos filmes de James Bond).”

Adorei a analogia do vaso quebrado da mãe. Só fico imaginando um moleque lendo essas explicações no site da Abin e pensando: “Nossa, agora entendi tudo sobre os arapongas!”

Falta a cereja do bolo. Circula na internet um vídeo da Abin, no qual aparecem Batman, Robin e a Mulher Gato, toscamente trajados, entabulando um diálogo impagável, que deveria servir como lição de língua portuguesa. A depender da Abin, o lúdico se transforma em asneira pura.

Talvez seja hora de abater o carcará trôpego. Ele pode ser empalhado em seguida e mantido no canto da sala para simbolizar um passado que não faz falta.

2 comentários:

  1. Concordo... Pura asneira. E o dinheiro público escapulindo pela ralo. Bjos

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  2. Grande Cirilo, esse é o video de ensino mais tosco que já vi......
    abraços,

    Rogério

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