sexta-feira, 20 de maio de 2011

What Lafaek ao vivo em Dili

Filmagem feita pela Alice no dia 24 de outubro de 2010, durante as comemorações do Dia da ONU, em frente ao Palácio do Governo, na capital timorense.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Lars von Trier, o trêfego

Lars von Trier declara-se nazista e diz entender Hitler
O diretor Lars von Trier (Anticristo) é fã de polêmicas, tanto em entrevistas quanto em seus trabalhos, mas nesta quarta-feira (18/5), o choque da imprensa em Cannes foi maior, segundo o Hollywood Reporter. Durante coletiva de seu novo filme (Melancolia), o cineasta perdeu qualquer inibição e se definiu como nazista, além de falar que israelenses são "um pé no saco" e que entende e simpatiza com Adolf Hitler.

A avalanche de declarações, que poderia significar o fim instantâneo da carreira do diretor caso fosse feita nos Estados Unidos, veio após uma pergunta sobre suas raízes alemãs. Em sua resposta, ele disse: "Por muito tempo, eu pensei que era judeu e era feliz em ser judeu, então conheci a Susanne Bier (diretora judia de Em um mundo melhor) e não era mais tão feliz. Foi quando percebi que, na verdade, eu era um nazista. Minha família era alemã. E isso me deu prazer. O que posso dizer? Eu entendo Hitler. Eu simpatizo um pouco com ele."

Ele tentou se justificar em seguida: "Eu não quero dizer que sou a favor da Segunda Guerra Mundial ou que sou contra judeus (...), na verdade sou muito a favor deles. Todos os judeus. Bem, os israelenses são um pé no saco, mas...". Durante sua fala, as atrizes Kirsten Dunst (Entre segredos e mentiras) e Charlotte Gainsbourg (A árvore), que estão em Melancolia, olharam espantadas para o diretor, enquanto a sala de imprensa ficava dividida entre o choque e a risada, não sabendo se deviam levar a sério o que o dinamarquês falava.

Trier, que vem de uma família judia, também falou sobre seu cinema de forma dúbia. Para ele, Melancolia "pode ser ruim e há grande chance de nem valer a pena assistí-lo". Além disso, ele brincou que seu próximo projeto com Dunst e Gainsbourg seria um pornô de três a quatro horas com "bastante sexo desconfortável". Para finalizar, Trier foi perguntado sobre sua vontade de fazer um filme grandioso. "Sim, nós nazistas gostamos de fazer coisas grandiosas. Talvez eu posso filmar A Solução Final", disse se referindo ao plano nazista de extermínio geral dos judeus.

A impressão final, dada pelo Hollywood Reporter, é que as risadas do diretor após as respostas evidenciaram que a entrevista foi uma grande piada.

Fonte: Cineclick.

Em entrevista concedida durante o Festival de Cannes de 2009 (ver vídeo abaixo), o diretor foi colocado em saia justa por um repórter depois que este demandou justificativas sobre Anticristo, lançado naquela altura (na minha opinião, apenas mais um filme masoquista nonsense, com elevadas pretensões artísticas). Lars Von Trier respondeu que a obra devia-se "à mão de Deus" e que ele era o maior diretor de cinema do mundo. Um trêfego modesto, portanto.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O filme mais inteligente de todos os tempos

Há pessoas que afirmam categoricamente que os argentinos não entendem patavina de futebol, são churrasqueiros de araque e merecem respeito tão somente pela sua empanada. Se os argumentos são válidos, não sei. Para mim não paira dúvida de que cinema eles sabem fazer.
Prova disso é o espetacular Nove Rainhas, lançado em 2000. O filme, aparentemente simples, conta a história de dois trambiqueiros que vivem em Buenos Aires e se vêem às voltas com um plano mirabolante para passar a perna num milionário colecionador de selos. A partir de certa altura, não sabemos mais quem está a enganar quem. E o final é para dar nó na cabeça.
Uma verdadeira celebração ao cinema inteligente, que faz lembrar de clássicos  como 12 homens e uma sentença, Chinatown e 11 homens e um segredo, pela capacidade de construir uma boa trama sem recorrer a qualquer tipo de pirotecnia hollywoodiana.


sexta-feira, 13 de maio de 2011

Timor-Leste entre a cruz e a espada

No primeiro semestre de 2006, Timor-Leste sofreu grave crise institucional, cujas sequelas são até hoje perceptíveis. Travaram-se conflitos armados entre grupos vindos da região leste (os lorosae) e da região oeste do país (os loromono), sendo que entre eles existia (e provavelmente ainda existe) forte divergência ideológica.
A guerra civil, além de levar à morte de dezenas de pessoas e à destruição de prédios e veículos, culminou na queda de Mari Alkatiri, naquela altura Primeiro Ministro de Timor-Leste.
É difícil negar que a instabilidade política de Timor foi ao encontro dos interesses da Austrália.
Proporcionou, de um lado, a saída do governo de um líder hostil a qualquer tentativa australiana de abocanhar o petróleo e o gás timorense e ligado à Fretilin, partido hegemônico com viés esquerdista.
E o caos forçou, ainda, o pedido timorense de envio de tropas militares australianas para conter a violência, fato que implicou enfraquecimento da soberania do Estado socorrido.
Em 2006, a jornalista independente australiana Maryann Keady escreveu o artigo intitulado “Timor Leste: Uma Nova Guerra Fria” (para ler o texto na íntegra, em inglês, clique aqui), no qual elenca os interesses primordiais de potências como EUA, Austrália e China e demonstra como é factível desestabilizar um país para, posteriormente, submetê-lo aos interesses econômicos internacionais. Eis alguns trechos interessantes do artigo:    
“No momento, são as rotas marítimas e as reservas de gás e petróleo em torno de Timor Leste que preocupam a Austrália, assim como a entrada de um jogador regional: a China. E uma "Nova Guerra Fria" é exatamente o que surgiu.

Timor Leste é um dos países da região apanhados no fogo cruzado entre dois poderosos competidores estratégicos: China e os EUA.
Infelizmente, Timor- Leste está na vizinhança de algumas das rotas marítimas mais relevantes do Pacífico, notadamente o Estreito de Ombei Wetar, uma depressão de águas profundas entre os Oceanos Índico e Pacífico, importante para a passagem de submarinos e que será um ponto de estrangulamento marítimo em qualquer conflito futuro.

Políticos e comentaristas de todos os lados têm sido sinceros acerca do que vêem como dilemas de Timor Leste ao tentar equilibrar as duas nações gigantes.
A partir da mudança rápida de fidelidade da China para Taiwan em Kiribati, até à ameaça dos cidadãos de etnia chinesa durante os tumultos de Abril em Honiara, o "fator China" está provocando o caos em toda a região. Os habitantes locais receiam que as potências hegemônicas regionais - China, EUA e Austrália - desempenhem um papel maior nesta instabilidade do que qualquer instabilidade civil orgânica.
Muito tem sido dito na imprensa australiana sobre o papel das divisões étnicas entre o leste e oeste de Timor Leste na origem da violência, divisão esta muito conveniente se você quiser usar o caos civil como um pretexto para o envio de forças militares e, assim sendo, manter o país sob sua esfera de influência.
Mas pouco se ouviu falar porque é que, pela terceira vez, as forças internacionais não conseguiram evitar que o povo de Timor Leste fosse aterrorizado por uma terceira parte. Primeiro, houve o ataque indonésio em 1999. Depois, a instabilidade de 4 de dezembro de 2002 (que levou a imprensa Australiana a pressionar Alkatiri para se demitir, imediatamente antes das negociações sobre petróleo e gás). E agora, o caos civil de 2006.
A grande questão é, naturalmente, se a Austrália permite que Timor Leste se perca na anarquia, ao estilo das ilhas Salomão, possibilitando assim que suas tropas sejam depois destacadas para este local estratégico.
Se a situação atual de Timor Leste faz parte das políticas da Nova Guerra Fria, então os povos da Ásia-Pacífico têm muito a recear - e Camberra tem muito para responder.”
A Austrália é mesmo muy amiga dos timorenses. E se não fosse pelos esforços de Mari Alkatiri, o petróleo timorense teria ido para as calendas. Para Camberra, melhor dizendo.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Chico Anysio - Mundo moderno

Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna, monta matumbo malhado, munindo machado, martelo, mochila murcha...

domingo, 8 de maio de 2011

O legislador de boteco

É preciso reconhecer que o legislador belorizontino é um marqueteiro criativo. E muito ocupado, vale dizer. Numa jogada de propaganda aplaudida pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, atribuiu o título de "Capital Mundial dos Botecos" à cidade de Belo Horizonte.
O reconhecimento, ao mesmo tempo que chama atenção para a capital mineira, demonstra como é fundamental para a vida de uma cidade possuir Câmara de Vereadores.
E, como quem não tem mar vai ao bar, ninguém daqui precisa de data específica para justificar a ida ao boteco mais próximo, faça chuva ou faça sol. Fica o registro da lei para os curiosos, chegados em Belo Horizonte (e em uma gelada).

LEI Nº 9.714, DE 24 DE JUNHO DE 2009

Declara o Município de Belo Horizonte Capital Mundial dos Botecos e dá outras providências.

O Povo do Município de Belo Horizonte, por seus representantes, decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - Fica o Município de Belo Horizonte declarado Capital Mundial dos Botecos.

Parágrafo único - Para os fins desta Lei, entendem-se como botecos os bares, restaurantes e assemelhados.

Art. 2º - Fica instituído o Dia Municipal dos Botecos, a ser comemorado, anualmente, no terceiro sábado do mês de maio.

Parágrafo único - A data instituída no caput deste artigo constará do Calendário Oficial de Festas e Eventos do Município de Belo Horizonte.

Art. 3º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Belo Horizonte, 24 de junho de 2009

Marcio Araujo de Lacerda
Prefeito de Belo Horizonte"


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Abin para baixinhos (microcéfalos)

O extinto SNI – Serviço Nacional de Informações, montado na década de 1960 pelo General Golbery do Couto e Silva, é conhecido pela contribuição desastrosa que prestou ao Brasil (sobre o tema, ler A Ditadura Envergonhada do Élio Gáspari). Ele deixou uma cria, para infelicidade geral da nação. O filhote chama-se Abin - Agência Brasileira de Inteligência, cuja missão é “coordenar as ações do Sisbin, produzir conhecimentos e proteger assuntos sensíveis.”

Divulga-se na imprensa que a Abin é uma instituição sem rumo, marcada pela evasão contínua dos seus quadros de servidores, trapalhadas e pelo apego ao passado da ditadura militar, cuja busca frenética pelos "inimigos da segurança nacional" justificou a criação do SNI. Verdadeiras as críticas ou não, uma rápida pesquisa no site da agência revela as bizarrices cômicas que a cercam.

Para começo de conversa, a Abin é representada pelo carcará. Informa-se ao internauta que “O carcará é o símbolo da Abin porque é a ave brasileira conhecida por ser valente, corajosa, ter visão de longo alcance e controle do território onde habita. É altiva e forte, assim como a Abin.”

Coisa estranha. Pelo que sei, caracará “pega, mata e come”. Segundo célebre canção da MPB, “come inté cobra queimada”. Trata-se de ave oportunista, cruel e comedora de carniça. Acima de tudo, é símbolo do mau agouro.

Após copiar a “kids page” da suspeitíssima agência de inteligência norte americana, a CIA, nossa agência tupiniquim criou a “Abin para jovens”, numa tentativa de colorir e justificar sua obscura e não menos suspeita atividade desempenhada. Destaque para os trechos explicativos sobre a produção de conhecimento:

“Você sabia que desde que o homem existe, ele produz, mas também esconde conhecimentos. Esconde conhecimentos? Sim, o homem escreve, fala, faz sinais para se comunicar, porém muitas vezes necessita guardar segredo a respeito de diversos assuntos, como, por exemplo, questões políticas, contatos diplomáticos, comunicações militares, produções científicas, atividades comerciais, industriais, financeiras, além de seus segredos pessoais (como esconder de sua mãe que você quebrou o vaso preferido dela ou o que você fez ontem e não quer que seus pais saibam).”

“As mensagens consideradas secretas existem desde a Antiguidade e sempre exerceram grande fascínio. Bastou o homem aprender a escrever para que começasse a "esconder" seus escritos. Além disso, onde tem segredo tem quem quer descobrir o segredo. Se desde os primórdios da história existem métodos de esconder informações, dos mais simples aos mais engenhosos, desde a Antiguidade também existem os hackers e crackers que bolaram métodos de decifrar e decodificar (ações de espionagem não ocorrem somente nos filmes de James Bond).”

Adorei a analogia do vaso quebrado da mãe. Só fico imaginando um moleque lendo essas explicações no site da Abin e pensando: “Nossa, agora entendi tudo sobre os arapongas!”

Falta a cereja do bolo. Circula na internet um vídeo da Abin, no qual aparecem Batman, Robin e a Mulher Gato, toscamente trajados, entabulando um diálogo impagável, que deveria servir como lição de língua portuguesa. A depender da Abin, o lúdico se transforma em asneira pura.

Talvez seja hora de abater o carcará trôpego. Ele pode ser empalhado em seguida e mantido no canto da sala para simbolizar um passado que não faz falta.