quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Intermitências de Saramago

Em 2005, por influência do amigo Emílio Peluso, adquiri dois livros do Saramago: Ensaio sobre a cegueira e O evangelho segundo Jesus Cristo (na verdade, ganhei os dois da minha tia Cristina). Após vencer a natural insatisfação com a falta de pontos finais, travessões e parágrafos, descobri uma riqueza literária fabulosa.

 Para livros sigo um raciocínio semelhante ao dos filmes: se é bom, faz parar pra pensar. Não deu outra, gostei tanto que dei o Ensaio para uns estagiários. Em 2008, li o Evangelho. Com esse tive que romper uma barreira maior ainda, diante da minha quase absoluta ignorância bíblica. Superei esse problema, engatei segunda e não parei. Não dá pra largar esse livro. Espetacular.


Neste ano fui apresentado em Timor Leste, por gentileza da Dra. Leonor, juíza portuguesa, ao Intermitências sobre a morte. Livro que mistura humor negro e reflexões apuradas sobre o ser humano e que narra a história de um país no qual as pessoas simplesmente param de morrer. E o fenômeno só acontece dentro dos limites territoriais daquele lugar imaginário.

As consequências são terríveis e dentre elas surgem o caos previdenciário, o fomento da atividade mafiosa (os criminosos levavam os moribundos, mediante pagamento, para morrer no país vizinho) e a personificação da morte, que acaba se manifestando para os vivos e mudando seu "modo de trabalho" Livro  inacreditável que prova o quanto Saramago foi um autor sensacional.

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