Havendo litígio, as partes envolvidas reúnem-se em cerimônia com o chefe da aldeia (ou outra liderança local), discutem sobre o problema e encontram uma saída conciliatória, com pagamentos para ambos os lados. Assim seguem a vida guiados por um método que funciona. Difícil negar: o timorense é um conciliador nato.
Na sociedade brasileira ou norte americana, contudo, o que se observa é um raciocínio diametralmente oposto. Há um estímulo à litigiosidade (lembro que nos EUA existem profissionais que utilizam um método tão agressivo de atuação no tribunal que foi apelidado de rambo litigation ou rambo lawyering).
São incontáveis as discussões banais que terminam perante um juiz. O Judiciário brasileiro (mesmo os “juizados de pequenas causas”) está à beira de um colapso. E tenta desesperadamente colocar em prática formas alternativas de solução de conflitos, como a conciliação e a mediação. Querem reforçar por lá o que já tem sido feito aqui em Timor há tantos anos.
Quando analiso a questão por este ângulo, vejo que submeter a qualquer custo um povo acostumado ao nahe biti boot às regras legais que disciplinam a atuação de um tribunal (nos moldes estritamente ocidentais), representa não apenas agressiva ingerência cultural. Revela também arrogância por parte do estrangeiro. Quanta ilusão falar em acusação, contestação ou consciência da ilicitude para o homem da montanha!
A maneira como o timorense enfrenta seus conflitos deve ser compreendida pelo estrangeiro e tida como exemplo para diminuir a litigiosidade que já se tornou banal em países supostamente civilizados.
Deve ser muito difícil para o cidadão timorense, ter pessoas com culturas tão diferentes das suas, comandarem, mesmo que indiretamente, seu país. Bjos,
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