Penso que a burocracia existe em qualquer lugar do mundo. Uma necessidade básica para manter a ordem nos serviços prestados ao público. O problema surge quando a burocracia se torna um instrumento utilizado CONTRA o público. O servidor passa a se valer dela para mascarar sua preguiça, ignorância, covardia, insatisfação sexual, etc etc.
O burocrata stricto sensu, ou seja, aquele que age com vontade deliberada de prejudicar terceiros, acobertado pelo próprio sistema ao qual ele pertence, também é uma bactéria fácil de ser encontrada. Seguindo esse raciocínio, acredito - e quanto a isso tenho firme conviccção - que a maior colônia dessas bactérias chama-se DETRAN.
Desde quando iniciei minhas peregrinações ao Departamento de Trânsito de Belo Horizonte, seja na Avenida João Pinheiro ou no Bairro da Gameleira, tive certeza de que o sofrimento seria eterno (ou ao menos prolongado por décadas). Lá existe falta de informação, má informação, informação truncada, contraditória, autoritária e até mesmo contra informação. É muito desgaste. Uma visita exige duas doses prévias de engov (e talvez um dramin), só pra aguentar aqueles policiais civis metidos a Charles Bronson.
Mas estou me desmanchando em amores pelo DETRAN porque aqui em Timor Leste, literalmente do outro lado do mundo, apurei um fato impressionante: o DETRAN (o nome não é esse mas fica mais fácil identificar assim) é RIGOROSAMENTE IDÊNTICO. Vamos no guichê tal, somos mandados para ali, tiramos cópia acolá, voltamos no primeiro guichê, bate-se carimbo, tiramos mais tantas cópias, para enfim: esperar tantos dias pela liberação do documento provisório...
Acontece que, como bem lembrou a Alice, o sistema brasileiro é informatizado. O timorense não. Logo, o que podemos concluir é que o DETRAN brasileiro não é igual ao timorense. É BEM PIOR, porque simplesmente não existe fundamento logístico para tanta inoperância (o que falta é qualidade humana mesmo).