Penso que a burocracia existe em qualquer lugar do mundo. Uma necessidade básica para manter a ordem nos serviços prestados ao público. O problema surge quando a burocracia se torna um instrumento utilizado CONTRA o público. O servidor passa a se valer dela para mascarar sua preguiça, ignorância, covardia, insatisfação sexual, etc etc.
O burocrata stricto sensu, ou seja, aquele que age com vontade deliberada de prejudicar terceiros, acobertado pelo próprio sistema ao qual ele pertence, também é uma bactéria fácil de ser encontrada. Seguindo esse raciocínio, acredito - e quanto a isso tenho firme conviccção - que a maior colônia dessas bactérias chama-se DETRAN.
Desde quando iniciei minhas peregrinações ao Departamento de Trânsito de Belo Horizonte, seja na Avenida João Pinheiro ou no Bairro da Gameleira, tive certeza de que o sofrimento seria eterno (ou ao menos prolongado por décadas). Lá existe falta de informação, má informação, informação truncada, contraditória, autoritária e até mesmo contra informação. É muito desgaste. Uma visita exige duas doses prévias de engov (e talvez um dramin), só pra aguentar aqueles policiais civis metidos a Charles Bronson.
Mas estou me desmanchando em amores pelo DETRAN porque aqui em Timor Leste, literalmente do outro lado do mundo, apurei um fato impressionante: o DETRAN (o nome não é esse mas fica mais fácil identificar assim) é RIGOROSAMENTE IDÊNTICO. Vamos no guichê tal, somos mandados para ali, tiramos cópia acolá, voltamos no primeiro guichê, bate-se carimbo, tiramos mais tantas cópias, para enfim: esperar tantos dias pela liberação do documento provisório...
Acontece que, como bem lembrou a Alice, o sistema brasileiro é informatizado. O timorense não. Logo, o que podemos concluir é que o DETRAN brasileiro não é igual ao timorense. É BEM PIOR, porque simplesmente não existe fundamento logístico para tanta inoperância (o que falta é qualidade humana mesmo).
Nunca ouvi uma narrativa tão clara e adequada da perversidade burocrática do DETRAN. Melhor ainda a comparação com o "DETRAN" timorense. Como a distância ajuda a gente a ver melhor!
ResponderExcluirP.S. Cirilo, descobri que eu estava começando meu terceiro semestre de faculdade quando você nasceu (30.01.1980)...
A raiva que eu já passei por esses "DETRANS" da vida não tem tamanho.
ResponderExcluirBeatriz, lendo seu poema sobre as árvores, lembrei de um caso: quando eu já tinha mais de um ano e não falava absolutamente nada, minha mãe começou a achar que eu era mudo ou meio pancada. Um belo dia, apontei para a janela e disse, em alto e bom som: "ÁRVORE". Não teve auau, mama ou papa...
Cirilo, você sempre foi - e continua sendo - um garoto genial. Quando eu o conheci você devia ter 7 anos (eu tinha 26). Era admirável como você falava bem, como seu vocabulário era rico e como você expunha suas ideias com desenvoltura... Garoto inteligente, sim senhor! E que rostinho tão bonitinho, meu Deus! Lindos olhos castanhos, vivos e observadores. Uma doçura de menino (não vá ficar com ciúme, viu, Alice, porque é como se eu fosse uma tia bem madurinha dele...) Lembro-me da sua coleção de pedras. Você identificava todas elas pelo nome e pela história da aquisição. Demais!
ResponderExcluirAdorei ver você e Alice - que lindeza! - lá no meu blog, me dando bola, enchendo minha bola.
Também estou adorando seus textos e não vou perder nenhuma edição do Ataúro.
Grande beijo a você e a sua esposa.
Beatriz Vargas