Quando um timorense quer fazer compras ou viajar para Jacarta, ele vai até Kupang. Situada no extremo oeste da Ilha do Timor, essa badalada (??) cidade indonésia é um fim de mundo onde Judas perdeu as botas (ou talvez as meias). É, contudo, um ponto de saída importante para quem quer economizar. E não existe vôo direto entre Dili e Kupang. Portanto, o jeito é encarar uma mikrolet (van de onze passageiros) por doze horas. Taí a viagem mais (mal) falada entre os brasileiros aqui em Timor Leste. Quem foi não dá indícios de querer repetir a dose. E para quem ainda não se aventurou, sobram conselhos negativos. Mas esse pessoal que prefere Sidney a Kupang não escolheu a companhia certa para viajar, tenho certeza!
A viagem até Kupang é dividida em duas etapas: a primeira até a fronteira com a Indonésia. São quatro horas numa van timorense. As estradas são péssimas. Muito buraco, curva e ribanceira. Do outro lado, a parte mais complicada, feita num carro indonésio, com um sujeito que nem arranha aquele velhíssimo the book is on the table. A custosa comunicação foi feita na base da mímica e com ajuda de outros passageiros de boa vontade. Dali são oito horas até o destino final. Mais curvas, calor, fome e um pouco de enjôo.
Entre uma e outra mikrolet, um momento inesquecível: cruzamos a fronteira ANDANDO debaixo de um sol de rachar, com mala na mão. Encontramos umas figuras indonésias bem simpáticas, a exemplo da velhinha que aparece na foto comigo e com a Alice, fazendo pose e soltando umas palavras em tétum.
Meia hora depois, paramos em Atambua (caramba, que lugar feio!) para almoço e aí eu lembrei da minha mãe, que tem um pouco mais de prudência que o filho na hora de comer um prato de comida. As apetitosas iguarias indonésias eram: arroz completamente sem tempero, pescoço, moela e partes não identificáveis de frango, cogumelos recheados (penso que foi isso que comi) e pepino. A técnica é comer rápido e não ficar pensando muito. Matamos a fome e seguimos adiante.
Pontualmente chegamos (com a bunda quadrada e um leve desgaste psicológico) às oito da noite em Kupang. Como o hotel inicialmente apresentado não oferecia ar condicionado e ficava longe do KFC (certamente o ponto mais aprazível da cidade), fomos nos alojar no sofisticado Flobamor (amigos, me corrijam se o nome for outro). Sobre detalhes do nosso banho indonésio com caneca e do "pequeno almoço" (nome dado ao café da manhã pelos portugueses), deixo para o próximo post. Em matéria de diversão e de experiências pitorescas, essa viagem bateu recorde. Pra quê pensar em Paris, Barcelona ou Sidney? Isso é programa para frescos. Legal é viajar pra KUPANG!
Atambua
É este tipo de PI "Programa de Índio" que a gente não esquece. Passadas algumas semanas ficamos pensando como é que conseguimos fazer tal proeza. Daqui ficamos adorando as histórias vividas por vocês. Bjos, Míriam
ResponderExcluirQuando vi fotos das estradas serpenteando pelas montanhas timorenses, pude imaginar o tamanho a aventura que os aguardava. Deve ter sido terrivelmente emocionante! Agora vocês já podem viajar da Argentina para o Chile de ônibus....mole, mole...ou mesmo percorrer aquela rodovia boliviana que causa enjoo e arrepios... só de ver suas curvas e precipícios em fotos de arquivos pps. Bjs
ResponderExcluirAqui o importante é conhecer o maior número possível de lugares estranhos. Nem que para isso tenhamos que ficar comendo coisas de origem duvidosa e viajando em mikrolets. Beijos!
ResponderExcluirCurioso...Não achei Kupang e Atambua tão feias assim...É tudo uma questão de ponto de vista. Biquinhas, Paineiras e os Patos (não estou falando de Patos de Minas, é claro)são bem mais feias.Bjos.
ResponderExcluirQueria ver vc comendo um pescocinho de frango num restaurante badalado de Kupang. Ia mudar de opinião bem rápido. Beijos!
ResponderExcluirTenho certeza que estas férias foram inesquecíveis. Andar de mikrolet deve ser o máximo. É para ficar na história vocês atravessando a fronteira a pé.Adorei as fotos (como estão felizes) Beijos p/ meus aventureiros. Licinha
ResponderExcluirRibeirão das neves?
ResponderExcluirEi Cirilo e Alice,
ResponderExcluirso hoje,com a ajuda da Licinha, e que consegui entrar no blog.Puxa vida,quanta aventura!Otimo!
Aproveitem bastante...e depois contem tudo pra gente,vamos amar saber das peripecias!
Beijos,
Glorinha
Ei Glorinha! Que bom ver vc por aqui. Seja bem vinda e faça sempre seus comentários. Aos poucos vou colocando no blog fotos e relatos das nossas viagens pela Ásia. Um beijo grande pra vc e pra todos em casa. Estamos com saudades!
ResponderExcluirMinha sogra querida! Depois te conto todos os casos (que são muitos) sobre as nossas viagens e sobre a nossa vida aqui em Timor. Vamos rir até cair. Beijo.
Tuquito, acho que Neves está à altura de Atambua. Só não sei se lá existe presídio. Um abraço bicho!
Nessa viagem vcs me surpreenderam! definitivamente vcs são meus amigos mais sofisticados... pescoço de frango e moela na Indonésia não é pra qq um!
ResponderExcluirADOREI!
Alice, cada dia mais bronzeada... um mes antes de vcs voltarem vou ter q começar um bronzeamneto artificial, senão a coisa vai ficar branca demais...
beijão
A cidade mais feia do mundo é Manhuaçu que, em tupi, quer dizer "cidade mais feia do mundo".
ResponderExcluirBeijos a você, Alice e Dodora.
Lica, nessa viagem só faltou você, que certamente iria degustar conosco uma moelinha dura e pescoço frito. Delícia! Beijos.
ResponderExcluirBom saber, Beatriz. Agora vou sugerir a mudança do nome de Kupang para Manhuaçu. Beijo.