Segundo especialistas, o pior defeito na comunicação é o artificialismo. Eu discordo. Na minha opinião, o mais lastimável é o TOM PROFESSORAL. Aquele ar de superioridade que cria um monólogo irritante. Há pessoas que acreditam piamente que a vida é uma sala de aula e todo e qualquer diálogo, por mais banal que seja, representa oportunidade pra dar uma liçãozinha de vida para o próximo.
Um exemplo emblemático: outro dia cheguei no Tribunal de Dili e perguntei ao oficial de justiça se a juíza Fulana me permitiria acesso aos autos do inquérito (aqui em Timor Leste o inquérito policial é sigiloso até para o réu, que em muitos casos não sabe o motivo da sua prisão). O meirinho virou e falou: "Olha doutor, a juíza Fulana não vai autorizar leitura dos autos do inquérito. Mesmo porque seria um absurdo isso, já que é ÓBVIO que o defensor do arguido não pode tomar conhecimento do que está sendo investigado. O senhor doutor não sabe disso?"
Num primeiro momento, fiquei tentado a mandar o prestativo oficial de justiça para a puta que pariu. Entretanto me contive e respondi apenas "Obrigado", ciente de que a indisposição com esses funcionários leva fatalmente AO SUMIÇO INJUSTIFICADO DE PROCESSOS.
Lembrando da poesia da Beatriz sobre a Lagartixa, eu queria ser um bicho qualquer toda vez que algum(a) espertinho(a), supondo-se dotado de um conhecimento supremo sobre determinado assunto, subisse no tablado e começasse a doutrinar. Pelo menos assim eu ia sentir menos raiva.
Professor Girafales
É complicado trabalhar em Timor, hein Cirilo?! mas pelo menos tem essas histórias pra gente rir...
ResponderExcluirSegue endereço do meu blog. Ainda não tá como o seu, mais um dia eu chego lá.
bjus
http://um-ano-em-dili.blogspot.com/
Ei Fran, bota complicado nisso...Dramim, engov e magnésia bisurada não resolvem.
ResponderExcluirVou dar uma boa olhada no seu blog e depois a gente conversa! Beijo!